quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Rodas-gigantes e celulares | @lauren\alex | 21/09

Parque de diversão cheio. Várias pessoas cantando e dançando contagiadas pelo som que saía alto das caixas de som gigantes no palco principal, onde uma espécie de banda folk cantava alguns de seus sucessos. Fim de tarde, daqueles bem demorados. Cheio de gente. Gente rindo e jogando água pra cima pra disfarçar o calor e gente tentando sair do meio da multidão. Ah, e gente feito eu, que não conseguia esperar pra entrar na roda gigante e ver tudo lá de cima. Eu sempre tive uma relação conturbada com o céu, embora nunca tenha descoberto o porquê. Toda vez em que eu fiquei um pouco mais perto da lua e das nuvens, eu me senti melhor. Como se finalmente tivesse encontrado o meu lugar.
Por isso, estava sozinha na fila esperando a minha vez de ter a sensação maravilhosa de estar acima do mundo. Meu amigo tinha ido comprar uma água com a namorada (sei…) e me deixou lá. Eu não me importei, é claro. Já era bem normal, pra ser sincera. Isaac e Jane sempre foram do tipo de casal que gosta de fugir de vez em quando pra se pegarem em algum canto. Nenhuma novidade.
Olhei pra o relógio entediada e tirei o celular da bolsa pra conferir a mensagem que o Isaac tinha deixado. “A fila de comida tá enorme, provavelmente vou demorar. Qualquer coisa me manda uma mensagem, love ya”. Sorri, respondi que estava tudo bem e me concentrei em dar mais uns passos pra não perder o meu lugar.
A banda que estava cantando (não conhecia, mas tinha um som bom) fez um cover da minha música preferida. Comecei a cantar inconscientemente, sendo completamente possuída pelo momento.
Não consegui me segurar, e comecei a cantar sozinha. Fechei os olhos e girei, o que, basicamente, foi uma terrível ideia. Esbarrei em várias pessoas. Um dos caras  em que eu esbarrei sorriu pra mim. Olhei pra ele e sorri de volta. "I’ll follow you into the park, through the jungle through the dark, girl I never loved one like you." 
A fila começou a andar aos poucos, e a banda continuou a tocar a música. A loira da frente entrou e o ruivo lá de trás tentou furar a fila. Minha vez chegou, e o Isaac não tinha chegado. O segurança me perguntou com quem eu ia. Fiquei sem saber o que dizer. O cara em que eu esbarrei (ele estava atrás de mim) se ofereceu pra ir comigo, porque o amigo dele também não tinha chegado. Assenti com a cabeça. O que poderia dar errado?
Entramos em silêncio, e que ele me perguntou meu nome. “Lauren. Lauren Brynn.” respondi. Ele se chamava Alex. Não perguntei o sobrenome, porque simplesmente não era necessário. Comentei que aquela roda-gigante era incrível, e ele comentou que a música que estava tocando. Começamos a conversar sobre a música, sobre o pôr-do-sol e sobre o parque em si. Descobri que ele também estava ali com um casal (e que eles também tinham deixado ele na fila sozinho), e ri internamente com isso. Ele me falou que tinha uma banda (e que um dia, ele estaria ali em cima do palco cantando) e nós começamos a rir. Disse a ele que quando isso acontecesse eu estaria lá pra oferecer suporte moral e ele assentiu.
A roda começou a girar e nós continuamos conversando, enquanto a sensação de estar em casa me invadia. Minha casa era o céu, e só. Comentei como adorava ficar fora de terra firme. Ele riu e concordou, dizendo que não tinha nada que gostasse mais do que a sensação de olhar pra baixo e poder ver as coisas tão pequenas e insignificantes. Como adorava poder entrar em um avião e ver que as coisas só dependem do seu ponto de vista. Olhei pra ele assustada, porque eu tinha falado isso pra o Isaac há cerca de dois dias. "And in the streets you run afree, Like it’s only you and me, Geeze, you’re something to see!
–  Você não é daqui, é? –  perguntou, rindo.
–  Não. Sou de Leeds, mas moro em Londres. E minha família é de Nothampton. –  respondi, sabendo que tinha descoberto pelo meu sotaque. Eu nunca consigo esconder. – Você também não é daqui, é?
– Não, eu sou de Sheffield. 

Perguntei sobre a banda e ele me disse que tinha começado há cerca de três anos, e que as letras eram consideravelmente conhecidas. Falei que, vestido daquele jeito, eu podia facilmente confundi-lo com uma estrela do rock. Ele levantou as sobrancelhas e riu de lado, dizendo que ia se lembrar disso caso algum dia virasse uma. Ficamos em silêncio por mais um tempo (o que não foi constrangedor, porque o pôr-do-sol era suficientemente incrível pra calar a boca de todo mundo), e a roda só ficou lá, girando. “Ahh Home. Let me go home. Home is wherever I’m with you. Ahh Home. Let me go ho-oh-ome. Home is wherever I’m with you”
Se passaram uns três minutos, e o meu tempo ali em cima acabou. Esperei por minha vez de descer, e quando a mesma chegou, Alex desceu comigo.
–  Você pode me emprestar seu celular? O meu descarregou e eu não consigo falar com o meu amigo… é rápido, eu juro. 
– Deixa só eu pegar ele aqui e.. –  falei enquanto tirava um zilhão de coisas da bolsa procurando o celular. Encontrei e o entreguei, esperando que ele ligasse pro tal amigo.
Um barulho soou no bolso dele, que sorriu, agradeceu e me entregou o celular. Arqueei as sobrancelhas e ri quando percebi o que tinha acontecido. No o que ele já tinha se perdido no meio da multidão, eu recebi uma nova mensagem e fui ver o que era.
"Dia 19, no Quark’s Tavern. Espero que você esteja lá pra me dar apoio moral. ;)
Editar número. Salvar contato. Alex Band Guy. Confirmar.

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